Transistor & Street of Rage


Já Jogaste... Transistor & Street of Rage?



JÁ JOGASTE... TRANSISTOR?


                Há videojogos que não tentam ser mais do que umas horas de diversão. Uma distracção momentânea que deixa pouca ou nenhuma recordação. Por vezes é por meio de uma história que emociona o jogador ou uma mecânica singular que o deixa positivamente stressado com o desafio que lhe é posto. 

                Mas há videojogos que por meio de tudo o que nos apresentam são mais do que apenas a soma das suas partes. Videojogos tão completos que não há dúvida nenhuma que uma enorme dedicação e paixão foram postos neles. Videojogos que têm, à falta de melhor palavra, uma alma própria.

                Transistor consegue ser um desses videojogos.

                Este título não segura a mão do jogador. Pouco ou nada lhe é explicado e é seu dever explorar para perceber como tudo funciona. Atenção que esta particularidade não é feita de forma barata para impor uma dificuldade alta ao jogo - coisa que este até não tem - mas antes para existir uma confiança, dada por parte dos criadores e posta no jogador, para quebrar assim um pouco o irritante hábito de hoje em dia de se explicar, quase a um ponto infantil, até mesmo pormenores que qualquer jogador consegue perceber por intuição após alguns segundos.



                Confiança essa também pedida de volta na narrativa apresentada: Encontramos Red, a nossa protagonista, no ponto mais baixo da sua carreira e da sua vida como cantora de clube. No chão, o seu casaco de diva rasgado. Nas suas mãos uma bizarra espada que fala consigo. Na ponta desta espada, um homem morto, empalado pela mesma contra a parede.

                Não nos é dito nada e, tal como Red que não se lembra da noite passada, nem dos eventos que levaram a este trágico inicio, é a nossa função descobrir tudo. Todas estas trocas de confiança entre o jogador e o jogo e a possibilidade de podermos descobrir este mundo por nós próprios apenas faz do mergulho em Transistor mais e mais cativante.



                A sua narrativa e apresentação tem raízes fortes no cyberpunk e no anime clássico, sendo ilustrada com um fantástico uso de cores, que dão um ambiente e aspecto únicos. Red explora o mundo de Cloudbank enfrentando o temível Processo, uma entidade espalhada um pouco por todo o lado, destruindo tudo à sua volta. No caminho de descobrir qual é o objectivo deste peculiar inimigo encontra toda uma linha de adversários cativantes que primam por não cair nos mesmos estereótipos que anos e anos de videojogos nos habituaram. 

                As suas acções e geral background, junto com a voz aconselhadora e serena de Transistor, a peculiar arma de Red, dão a esta aventura traços muito humanos, numa abordagem estranhamente muito realista.

                Única também é a mecânica principal deste jogo: semelhante a um beat'em up em perspectiva isométrica, o jogador avança pelo mundo do jogo encontrando e derrotando inimigos, usando fortes ataques em tempo real. No entanto, mais que uma vez irá encontrar-se em completa desvantagem numérica.

                Nessas situações Red pode pausar a acção e  delinear uma estratégia dos passos a dar de seguida usando poderes que vai adquirindo chamados Funções. Cada um deles representa um ataque ou movimento, e o jogador pode seleccionar quatro para uso em combate, trocando-os à sua vontade dentro de uma biblioteca dos mesmos que vai adquirindo. 

                Estas Funções também ajudam a revelar a narrativa: cada um deles está associado intimamente a uma personagem que encontramos e desbloqueiam registos escritos  que os fãs mais interessados passarão muito tempo a explorar.



                Mesmo no cenário da derrota, Transistor destaca-se. O jogo penaliza-nos de forma singular: Ao perecermos nas mãos de um adversário, um dos nossos quatro poderes seleccionados é-nos retirado, sendo assim o jogador obrigado a reformular a sua estratégia, reestruturando as suas opções com as Funções que tem de reserva. Uma óptima forma de encorajar o jogador quando falha a tentar uma abordagem nova e a reflectir nos seus erros passados.

                Acabamos só com um dos elementos que pode ser aproveitado fora do jogo: a música. Transistor tem uma das melhores bandas sonora originais alguma vez ouvidas em videojogos, destacando-se não por ter sinfonias épicas mas ritmos invulgares manipulados digitalmente que se adequam à atmosfera do jogo perfeitamente. 

Uma forma de nos apaixonarmos por este título até mesmo antes de jogá-lo.




                Transistor existe para Windows, MacOS, Linux, iOS e Playstation 4.




JÁ JOGASTE... STREETS OF RAGE?


                Em 1991, a Capcom lançou o jogo Final Fight para a Super Nintendo, um beat'em up 2D com enorme sucesso prévio nas arcadas. Sega, a empresa por trás da consola Mega Drive, não querendo ficar atrás da sua competição directa, pegou no estúdio por trás da série Golden Axe e no principal designer de Revenge Of Shinobi, dois dos seus títulos de maior sucesso, e exigiram que um jogo no mesmo estilo fosse criado. Alguns meses depois, o mundo dos videojogos, particularmente o género de beat'em up, não voltaria a ser igual, com o lançamento de Streets Of Rage.

                Vamos resumir: sempre - SEMPRE - que é criado um beat'em up, em 2D ou 2.5D, é sempre comparado a este jogo. É o exemplo a seguir neste género, e só esse facto faz deste título algo a ser experimentado por todos os jogadores.



                O jogo inicia-se com uma breve introdução em que conta como Adam, Axel e Blaze, as nossas personagens principais, polícias descontentes com a corrupção nas forças policiais da sua cidade, decidem distribuir justiça pelas suas próprias mãos, indo para a rua e lutando directamente contra os criminosos que as ocupam. Hey, eram os anos 90, okay?

                O jogador tem três botões para usar para além das setas direcionais: apoio, soco e salto; mas engana-se quem acha que este número limitado de acções simplifica o gameplay.

                Apenas usando os últimos dois comandos o jogador tem todo o tipo de combinações a usar que aumentam de número ainda mais com o uso das várias armas espalhadas pelos níveis, cada uma com o seu próprio estilo e estratégia de uso; para além de truques que apenas funcionam quando jogado a dois. Nada bate derrotar um inimigo com um forte pontapé na cabeça após sermos atirados ao ar num violento mortal pelo nosso parceiro.

                O comando que resta, o de apoio, é um produto da época em que este jogo saiu. O primeiro botão era reservado para o jogador poder despoletar uma vantagem que ia adquirindo à medida que avançava pelos níveis. No segundo Streets Of Rage este apoio não passa de um ataque físico mais forte, mas no primeiro a acção pausa para conseguirmos ver a chegada de um carro polícia que dispara uma saraivada de misseis e balas para o nosso local, limpando os inimigos. Nada descreve a satisfação desta acção no tempo certo... ou a frustração do seu uso por acidente.



                Os efeitos sonoros são sólidos e a música é particularmente excelente, contendo alguns das melhores faixas que alguma vez apareceram na geração de 16-bit, com grande ênfase em tecno e house, estilos pouco usados em videojogos até aí.

                Terminamos com a recomendação para os nossos leitores mais jovens para que joguem este título de preferência com um amigo e, tendo em conta o preço que está associado a arranjar o jogo na sua plataforma original, que no mínimo emulem no num PC onde possam jogar com gamepads.

                Ah, e afastem-se do terceiro título. Como na maioria das trilogias, acaba por ser o pior.



                Streets Of Rage existe para Sega Mega Drive, Nintendo 3DS e Windows (pela Steam). Também se encontra em colecções da Mega Drive para a Playstation 3 e Xbox 360.
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